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sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Reflexão.


Infelizmente é assim: há seres humanos que conseguem ser menores do que a própria pequenez existencial e falta de serventia pra esse universo, que já é inerente a todos nós.
Diminuir-se ainda mais é esvair a existência aos poucos. É menosprezar o valor (já tão ínfimo) que essa vida efêmera possui.
Portanto, eleve-se e não seja uma massa corpórea composta por um conjunto de inferioridades potencializadas.

domingo, 22 de março de 2015

De dentro, para dentro: Uma análise da carcaça envolvente.


 Estes têm sido tempos estranhos... estranhos, estarrecedores, esclarecedores, iluminadores, penosos, sofridos, alegres, transparentes etc . É incrível como as coisas - tudo e todos, mudam, se moldam, se modificam, se volatilizam. Mudam as pessoas,  os lugares, os jeitos, as prioridades, os focos, os desfoques, os desejos, os sabores, os dissabores, e assim infinita e indefinidamente. Outrossim, não escapei desse vendilhão de mudanças, não há como. É estarrecedor ver o quão bem nos faz o tempo, que passa da forma que quer, quando quer. O quão fortemente ele nos fortalece, nos alimenta, nos sustenta, e nos mata. A despeito deste último,  não hei de reclamar. 
Hoje, felizmente,  as coisas não são mais como eram e, amanhã,  serão ainda mais diferentes. Hoje as coisas estão claras, as situações clichês, e as pessoas não têm mais o mesmo significado. Hoje eu sei  quem sou - in/out, me amo, me abomino, me idolatro e me amisero. Hoje, cansei das desimportâncias, dos julgamentos (meus e dos outros), e digo para quem quiser ouvir que: assim eu sou, assim eu serei. Claro, sempre em paralelo e concomitante às mudanças. Mas, um ponto importante merece destaque: não importa se acham; o que não acham; se gostam ou se não gostam. Que alívio poder isso dizer, gritar, espernear. Muito tempo foi perdido! O tempo do egoísmo saudável chegou; chegou também o tempo das vitórias,  das alegrias simples, das risadas ainda mais espontâneas, de amar em mais qualidade, sem pensar nas quantidades, de alimentar a fome insaciável pelo bem fazer, pelo bem querer, bem pelo agir, pelo desejo infindável por expandir a todo o momento o meu cerne infinitamente tão grande, porém tão adormecido. Ah! Mas o tempo de acordar chegou!
Um dia, ao acordar de inúmeros sonhos ilusórios,  via apenas carcaças à frente... Algumas belas,  outras não tão belas assim, o que não é pertinente. Então, vislumbres assustadores preencheram os olhos: o que havia dentro do por dentro das carcaças...   O Julgamento! Julgar, julgar e julgar. Fazemos tanto e não nos damos conta do quanto. Quantificando o julgamento,  podemos chegar na seguinte fórmula: pré-visualização + pré-audição + preconceituação/síntese (não necessariamente nesta ordem, e não necessariamente utilizamos todas as 'incógnitas').
  Explanando: Julgamos, previamente, pelo que vemos  (a mãe dos julgamentos),  pelo que ouvimos, e depois (lembrando que a ordem pode se inverter) sintetizamos de forma arbitrária e temerária o que vimos e ouvimos em um composto, por vezes pútrido e fétido,  que a nós muito cai bem:  o do julgamento, em sua forma mais vil e covarde. Tantos cegos de alma que insistem em julgar pela carcaça (como me dão pena!), focados tão somente no o que a carcaça tem a lhes oferecer,  sem nenhum interesse no imo, no cerne, no amago daquela carcaça que pode ser maravilhosa por fora, e horripilante por dentro,  de dentro. Nada escapa aos olhos incansáveis dos julgadores: a cor da pele; o estado da pele; a orientação sexual (Por favor! Aos leigos, parem de proclamar ‘Opção Sexual’ aos sete ventos!); o tipo de cabelo; a altura; os traços;  os jeitos (e trejeitos); as estrias; as celulites; a flacidez etc.
 Tantos surdos de alma que insistem em julgar pelo que ouvem, QUANDO OUVEM (há os que julgam pelo que não ouvem)! Julgadores de muitos vômitos sonoros sem sentido, sem valor, despretensiosos. Julgadores do não dito, do inaudível, do uníssono! Julgadores sem a capacidade de interpretação do silêncio ou do que realmente ouviram, sem a menor capacidade e interesse de aplicar o mínimo de hermenêutica antes de se deflagrar o processo julgador. Julgadores do 'ouvi falar', do 'fiquei sabendo', do 'disse-me-disse'. Quanta falta de vergonha... Quanta audácia... Quanta impertinência... Quanta falta de ocupação da mente e do tempo (lembra dele?)!
E depois de todos esses julgamentos prévios,  vem o pior: a síntese. A síntese da doença do pré-julgamento. Quem nunca o fez? Tantos ainda fazem. Tantos ainda se utilizam de suas inúteis sínteses acumuladas sobre tudo e todos, a todo o momento... É parâmetro,  paradigma, estigma, um dogma só nosso,  que nos auto titulamos 'seres superiores' (muitas gargalhadas altas!).
Utilizamos destas sínteses como verdade e razão absolutas e inexoráveis para nortear as ações advindas do julgamento... Que nojo, não? Agora você conhece o de dentro,  por dentro,  da carcaça do julgamento. Viu o quão absurdamente absurdo ela é?  Sim? Então livre-se dela. Um interior doente não significa um interior perdido. Há tempo (de novo!)! Chega de julgar o mal visto, antes de ver atrás de seus olhos,  no fundo do profundo você! Chega de julgar o mal ouvido (e o silêncio do nao-dito), antes de se atentar às enfermidades que, sonoramente, regurgita! Chega de formular sínteses cruas, cruéis,  incompletas, incongruentes, insolúveis,  imutáveis,  sem antes provar da própria síntese que fazem de você (sim, fazem!) todos os dias, a todo o tempo (!), perdendo-se exatamente isso: tempo!
 Finalmente, e deverás precípuo,  é tempo de se virar, de se contornar para dentro, por dentro... Ainda há tempo! Tempo de adentrar a carcaça, e consumi-la, até que reste a sua própria e serena... Síntese!
Dica: se você, assim como eu, já julgou,  independente do quanto, da próxima vez que se pegar no início do processo de julgamento do outro, sugiro que: vá ler um bom livro ou até mesmo um ruim, ou vá estudar, ou vá ver um filme ou seriado, ou vá trabalhar, ou vá dormir, e, simultaneamente a estas opções, vá tentar se preocupar um pouco mais com a sua vida... Não há tempo!

Há espelhos baratos por aí. Sempre tenha um por perto.







domingo, 25 de maio de 2014

Vômitos de outrora.

Textos do antigo blog (clique para abrir):

1 - O Situar que não situa ;

2 - Saudade que se come fria ;

3 - A Paixão Segundo/Seguindo a mim ;

4 - A Sexualidade das Coisas ;

5 - Fogo que arde sem se ter ;

6 -  A volta... Doce volta ;

7 - Problemas ;

8 - Das tripas coração ;

9 - Passeios, Passados e Passarinhos ;

10 - Sentido. ;

11 - Contando ;

12 - Corrosão ;

13 - Sexualidade e Anjos sem Asas ;

14 - Garfinho Egoísta ;

15 - Vela Acesa e Pimenta Seca ;

16 - Vida vai; passarinho ;

17 - Amor ;

18 - Fumacinha e dedos suculentos.


Refrãos dos outros, versões de mim.

Dizem... Dizem por aí que tudo na vida passa. [...] Será mesmo? Tudo?

As pessoas passam? Os momentos passam? Os sentimentos passam?

Passam. Mas a intensidade com a qual passam é diretamente proporcional à influência que nos acometem.

Perco-me na tentativa de quantificar a imensidão de pessoas, momentos e sentimentos que já passaram, ferozmente, dolorosamente, profundamente e intermitentemente por mim; cada qual com sua própria imensidão, feracidade, dor, profundidade e intermitência.

1- Perdendo-se nos outros:

Ah! Os outros... Como é bom se perder neles. Esquecer da própria profundidade e mergulhar na do outro.  Enxergar a tão sonhada luz no olhar de outrem ao invés de encontrá-la em si mesmo - no escuro.
Comiserar-se pelo valor não recebido, pelo olhar não retribuído, pelo abraço fraco, pelo vazio do não dito - que nos contorce e embrulha.

Tantos vem, inúmeros se vão... Como dói. Dói sim, não se engane. Machuca, macula, deixa rastros.

Como deixar ir aqueles que tão intensamente nos marcaram e que ao mínimo sinal de lembrança ensejavam aquela pontada aguda e crônica no estômago (o cerne, psicossomaticamente, lembrando da falta do outro), aquele comichão, aquele aperto no que chamamos de coração?

Simplesmente os deixamos ir, os 'pedimos' para ir, ou deixamos que a vida os leve. Lutar para que fiquem? Não, é muito complicado... É muito cansativo.

Sandice! É preguiça. É o medo do insucesso. É a expectativa de que nossa tese sobre o que os outros representam, se tornem a nossa própria síntese - corrompida.

Deveríamos nos agraciar na medida que agraciamos. Deveríamos nos buscar na medida que buscamos. Deveríamos nos deixar ir... Ir com os outros, apesar dos outros (não para os outros).

(Já começou a doer? Eu disse!)

2 - Perdendo-se nos momentos:

Os momentos, lembre-se, foram feitos para durar pouco... Sim, momentâneos, simples, efêmeros, herméticos. Mas, ainda sim, nos perdemos neles. Queremos que eles voltem, não queremos que eles se acabem, entretanto, deixamos os outros irem.

Alguns momentos servem para nos acalentar quando o outro não está perto ou já se foi. Há ocasiões em que preferimos esses do que estes, porquanto costumamos perder nosso calor, nossa efervescência, mas o momento não, ele é, será, e está eterno, estável, pragmático, desconcertante, estático, incomunicável. 

Momentos podem ser deverás mais interessantes do que os outros, e nesses nos perdemos, mais do que nos perdemos nos outros. Eles vão, mas os momentos ficam - marcando e marcando.

Na busca para eternizar e replicar momentos (não tente), esquecemos de eternizar aqueles à nossa volta; de replicar suas versões nas nossas,  numa simbiose imperfeita, lascívia, e amoral.

3 - Perdendo-se nos sentimentos:

Sentimentos... Sentimentos... Sentimentos. Tantos, mas tão poucos. Quero mais... Mais serenos, implacáveis,  intocáveis, frustrantes, frívolos, remidos, pujantes, atrozes, reminiscentes....

Sentir o momento (com o outro).

Queremos apenas sentir de verdade ou fazer com que os outros sintam o que não conseguimos ou queremos? Circundados de variáveis, nos perdemos, sem saber o quão profundo podemos/queremos/devemos ir. Profundo em quem? Profundo aonde (e onde)?

- Eu quero que você sinta - Disse o desconcerto ao ego alheio.
- Eu sinto no meu sentido. Sinta no seu! - Respondeu o ego. E sentaram-se, em sentidos opostos, sentindo a impugnação de um com o outro.

 Sentimento nada mais é que a emoção, a percepção, a sensação e a memória agindo juntas, mescladas e latentes para que se forme isso que chamamos de sentir. Todas elas fazem parte de nossas funções superiores (superiores a nós).

Portanto sinta, sinta abruptamente, profusamente, inquietantemente, e se permita perder-se nos outros, saciando sua própria profundidade abundante de outros perdidos.

Fim (momentâneo).

O Enigma Infinito - Salvador Dalí.